segunda-feira, 15 de abril de 2013

Hoje é comemorado o dia do desenhista


Patrícia Cunha - Patrícia Cunha
Publicação: 15/04/2013 09:47 Atualização: 15/04/2013 10:14
Rabiscos, traços, o toque de arte, a finalização e o desenho está pronto. Pode ser um projeto arquitetônico, ou charge, tatuagem, pintura, grafitagem, caricatura, cartun, ou simplesmente um desenho infantil em uma folha qualquer. 15 de abril é uma data para lembrar o Dia do Desenhista, um profissional que vive envolvido em riscos, rabiscos, linhas, curvas e belas produções, e que colocam no papel algumas de suas inspirações saídas da alma.

Conversamos com alguns desses profissionais que ganham seu sustento graças à arte de desenhar e que possuem um talento nato, aprimorado ao longo da vida, mas já traçado desde as primeiras utilizações de lápis e papéis, como o quadrinhista Beto Nicácio, o chargista Nuna Neto e o grafiteiro Luciano Rei. 
Um desses profissionais é o chargista e ilustrador Nuna Neto que diz desenhar desde que nasceu, há quarenta anos e há 25 é caricaturista profissional. “Desde que tenho entendimento eu já desenho. Com dois anos e influenciado pelo meu tio Tonico eu já desenhava e com seis anos fiz a minha primeira caricatura”, conta.

Ele lembra que ao lado do amigo Jean, foram os primeiros a trabalhar com desenho animado, o Zé Polpinha. Parte integrante da equipe de profissionais de O Imparcial, Nuna já havia trabalhado na empresa há 15 anos, quando começou como chargista. Daí não parou mais. Passou por vários lugares, várias experiências, buscou aprimoramento no curso de Educação Artística da Universidade Federal do Maranhão, e decidiu que iria viver do desenho. 

“Houve um período em que eu pegava meu material, botava uma pastinha debaixo do braço e ia para os bares, as praças, fazendo caricatura de quem me chamasse. Depois passei a ir a festas de aniversário, casamento, de formatura e enquanto o pessoal estava lá se divertindo eu estava trabalhando e chegava a fazer 25 caricaturas em 1 hora”, conta.

Milhares de caricaturas depois, Nuna diz que sua vida é desenhar, é isso que gosta de fazer todos os dias e de onde tira seu sustento. “Desenho pra mim é a arte de manifestar os diversos aspectos da minha alma mediante uma imagem reproduzida. No caso da caricatura, desenho é espelho. Uma foto bem desenhada é como se fosse o reflexo de um espelho. Desenhar é minha vida”, afirma. As muitas caricaturas deram origem a um livro com 400 caricaturas de personagens da nossa cidade e da nossa história que Nuna quer concluir e lançar até o final do ano, ainda como marco dos 4 séculos de São Luís. 

Do papel para o mundo – Quando vem a inspiração o grafiteiro Luciano Rei, 25 anos, que também é sushiman, coloca a história no papel para depois enfeitar muros e paredes com traços firmes e coloridos. Luciano começou a grafitar depois de uma arriscada vida como pichador ainda na adolescência. Já nessa época desenhava aleatoriamente, e depois de correr riscos e temer ser apreendido pela polícia, ele resolveu que poderia usar sua arte para enfeitar e não para sujar a cidade. Foi se juntando a outros amigos grafiteiros que ele passou a trabalhar com a arte para o bem.

“Eu faço parte de um grupo de grafiteiros, mas trabalho sozinho. É cada um pos si. Antes eu só decalcava os desenhos, mas hoje não, eu crio e me inspiro em várias coisas, como personagens”, conta Luciano, que tem trabalhos estampados em boates, bares, lan houses, painéis e comércios. 

Com a grafitagem ele ganha algum dinheiro, mas sonha em ter um negócio próprio onde possa estampar seus desenhos em bonés, camisas. Enquanto isso não acontece ele usa a arte no seu trabalho de sushiman. “Eu procuro montar os pratos de forma diferente, usando formas e cores que lembram a grafitagem. Os clientes gostam, e eu já fiz até um bolo com sushi. É uma forma de unir as minhas duas profissões”, acredita. 

Já o quadrinhista Beto Nicácio, graduado em Artes Plásticas, pela Universidade Federal do Maranhão, tem alguns livros e revistas publicados, de sua autoria e como participante; é sócio-proprietário da agência de publicidade e design - Dupla Criação, já recebeu várias premiações ao longo da carreira, e atualmente desenvolve projetos nas áreas de quadrinhos e animação.

Assim como os outros entrevistados, desenho para Beto, significa a vida dele. “Tudo o que eu construí foi com base no desenho e graças a Deus consigo sobreviver da minha arte”, diz ele, que é autor das publicações Proscritos e A Lenda da Carruagem Encantada de Ana Jansen.

Três perguntas//Beto Nicácio

Quando você percebeu que tinha talento?
Desde sempre. Quando criança enquanto meus irmãos jogavam bola eu estava em casa desenhando. Quando vim para São Luís aos 15 anos conheci alguns desenhistas, dentre eles, meu sócio Iramir e comecei a produzir fanzines, quadrinhos, participar de salões de humor, depois fui aprimorando. O desenho é uma das principais causas da minha vida. É onde me realizo. 

Você diz que gosta de quadrinhos, mas está enveredando pela animação?
Sim, eu trabalhei na Ponte (2011) e depois A Fundação de São Luís (2012), com Joaquim Haickel e estamos em fase de produção de Joca e a Estrela para ainda este ano, que é um infantil baseado no conto de Lenita Estrela de Sá. Mas também tem o projeto pessoal que é uma história em quadrinhos com 30 páginas, Catirina e Pai Francisco, contando o que vem antes dessa história, como eles se conheceram e se apaixonaram. É produção sempre.

E como é o mercado para o desenhista em São Luís?
É um mercado bom, porém ele se acentuou mais por que o desenhista, de uma maneira geral, teve o campo ampliado por conta da internet, que facilita a divulgação do seu trabalho para o mundo. Isso abriu o mercado para trabalhos fora de São Luís. A gente concorre com desenhistas de outras regiões, mas o que sempre conta além do preço justo, é a qualidade do trabalho. A banalização do trabalho ocorre em qualquer área, mas espera-se que o mercado seja justo com que valoriza o seu trabalho. A Dupla vai fazer 13 anos, então conseguimos sobreviver até agora, conquistamos um mercado.

Fonte: o imparcial 

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